ROTA DO LEITE

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A estruturação da cadeia produtiva do leite é estratégica sob a perspectiva do desenvolvimento regional, tendo em conta que é um dos setores que mais emprega no país, com grande potencial de crescimento. O setor contempla grande número de pequenos produtores rurais em regiões de baixa renda, que tem a atividade como de subsistência e com baixa profissionalização da produção. Destarte, o aproveitamento pleno do potencial do setor importa em um conjunto integrado de iniciativas estruturantes, públicas e privadas, que justificaram a criação do Projeto Rota do Leite.

Segundo dados do IBGE, no ano de 2016, a produção de leite ocorreu em 5.504 munícipios, com a primeira posição ocupada por Castro/Paraná. A produção brasileira foi de 33,62 bilhões de litros, 2,9% menor do que a produção do ano de 2015.

Na atividade leiteira, o preço instável e sazonal do leite ao produtor é uma das insatisfações gerais, que defendem o estabelecimento de um preço mínimo, entretanto, são vários fatores que influenciam este preço. Em meados do ano de 2017, com uma queda acentuada da renda do brasileiro, o consumo de leite e principalmente dos derivados (muçarela, iogurte, etc) reduziram significativamente, uma vez que são produtos não essenciais à dieta humana. Aliada a redução do consumo e com a sazonalidade da produção (aumento da produção nesse mesmo período, devido a baixa no preço do concentrado), levou a uma oferta de lácteos maior que a demanda, com os reflexos em todos os elos da cadeia do leite, que alcançou uma redução considerável do preço do litro ao produtor, supermercados realizaram promoções para vender seus produtos e indústria adequando preço para atender valor do processamento e controlar estoque.  

Fator que também influencia diretamente a produção de leite são os preços dos produtos que compõem o concentrado, uma vez que a alimentação é o maior custo da produção da atividade do leite. O milho e o farelo de soja são os principais produtos utilizados. A elevação ou redução dos preços desses produtos impactam diretamente na rentabilidade ao produtor de leite, principalmente os pequenos, preços altos do concentrado, faz com que reduzam a alimentação do rebanho, que reduz consideravelmente a produção, gerando grandes dificuldades aos pequenos produtores na gestão e controle da propriedade.

Tema que os produtores mais buscam por solução é reflexo do supramencionado, a gestão da propriedade. Isto, pois uma das maiores demandas dos produtores de leite ao poder público é pela prestação de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) continuada. E uma ATER eficiente deve levar as inovações tecnológicas da pesquisa ao campo de forma que os produtores possam se envolver e ter receptividade as novidades.  

Um exemplo do potencial que pode ser explorado na atividade leiteira está quando se faz o comparativo de produtividade das vacas brasileira com as vacas norte americanas. Segundo dados estatísticos da área enquanto uma vaca brasileira tem produtividade média de 1.525 litros por ciclo, a vaca norte americana produz por volta de 10.150 litros, ou seja, 6,6 vezes mais em um mesmo período. Com isso, pode-se observar o quanto se deixa de produzir leite no país pela falta da adoção de uma genética especifica. Com um terço do número de animais que o Brasil possui, os Estados Unidos produzem três vezes o volume de leite brasileiro.

No ano de 2017, o tema importação foi ponto de grandes discussões, em que produtores reivindicam por sofrer com preços reduzidos do leite devido entrada desenfreada do produto no Brasil. Entretanto, o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) afirma que a participação das importações no mercado lácteo brasileiro é menor que 5%, sendo o leite em pó o principal impactante e reflete um problema maior: os lácteos brasileiros são de qualidade inferior e não tem preço competitivo. A solução para melhor qualidade e preços competitivos são os objetivos da Rota do Leite, buscar ações que ataquem os altos custos de produção, acesso ao 

credito, dificuldades logísticas, baixa produtividade, pouca valorização do leite de qualidade, dentre as supracitadas e outras que o setor demanda especificamente nos diversos territórios do Brasil.

A questão sanitária é outro grande desafio aos pequenos produtores de leite, pois as preocupações primordiais ainda figura-se na produção. O manejo adequado, o emprego de maquinários e novas tecnologias (ordenhadeiras, tanques de expansão, etc) auxiliam na sanidade, se bem conduzidas. Infraestruturas também são gargalos quando nessa questão: estradas em boas condições e rede de energia elétrica estável são barreiras que dificultam o crescimento de produtores de leite em algumas regiões do país. Leite não resfriado adequadamente e transporte por longo período em estradas adversas prejudicam a qualidade final do produto, ou mesmo, disponibilidade na rede elétrica para implantação de um sistema de irrigação para promover alimentação adequada aos animais.    

Sob a ótica do associativismo e cooperativismo, é necessário investimentos na organização dos produtores de leite, o conhecimento sobre o assunto pode ser uma estratégia que venha a facilitar e reduzir consideravelmente a aquisição de insumos e aumento da produção. Também pode-se agregar valor quando da venda – tanque comum, já que o volume de litros de leite entregue por uma única localização é valorizado no caso do leite (menor valor de transporte - indústria).

O setor lácteo visto pelo aspecto dos pequenos produtores, demanda de ações convergentes e coordenadas ao longo dos elos da cadeia produtiva do leite. O diagnóstico consensual do setor é que a produção de leite por pequenos produtores tem se reduzido ao longo dos anos, pequenas propriedades tem saído da atividade principalmente pela falta de inovação (novas tecnologias, melhoramento genético são exemplos) que a atividade tem exigido, a fim de atender aos critérios de qualidade do leite exigidos pelas indústrias processadoras.

São necessárias ações desde a capacitação e a organização dos produtores, à provisão de infraestruturas para uma logística que permita maior facilidade na produção e transporte do leite ao longo de todo o território. Ações que promovam maior conexão entre os elos dessa cadeia complexa e de suma importância para o desenvolvimento do país como um todo.

A necessidade da construção de uma governança setorial para a setor lácteo brasileiro motivou a formulação da Rota do Leite (Rotas de Integração Nacional), a partir do diálogo com parceiros da esfera federal (MAPA, MDIC, Embrapa, etc), estadual (Secretárias de Agricultura, Emater, Núcleos de APL, etc) e municipal, assim como com parceiros do setor privado (Câmara setoriais do leite, de laticínios, associações, etc) está em construção governanças territoriais que deverão dialogar entre si e estabelecer estratégias especificas ao território de abrangência assim como estratégias a nível nacional.

Diante do cenário da atividade leiteira no país, com expressivo potencial de crescimento do setor lácteo, a Rota do Leite visa convergir às ações da esfera pública, aliada com a área privada para fortalecer os elos da cadeia produtiva do leite, criando condições para que o produtor tenha rentabilidade satisfatória na atividade e o país passe de importador para exportador de leite. A exportação, como acontece nas commodities agrícolas, pode se tornar ao setor lácteo uma possível solução para períodos de excesso de produção e baixa demanda nacional, e assim evitar quedas de preços, que são impactantes negativamente ao produtor e indústrias.

O objetivo geral da Rota do Leite é promover o desenvolvimento territorial e regional por meio do fortalecimento da atividade leiteira. Busca-se identificar no mapa brasileiro regiões com alta produção de leite e regiões prioritárias da PNDR, a partir daí articular o apoio de agências públicas e privadas, em torno de uma agenda convergente e sinérgica para cadeia produtiva no território (ver figura 03). As ações partem do entendimento e negociação dos atores (partes interessadas) em relação à problemática do setor (local e nacional) levando a construção de um plano de ações coletivas: carteiras de projetos com base em oficinas locais de integração.

Mapas dos Polos da Rota do Leite

Com a sobreposição dos mapas de produção de leite e da tipologia da PNDR foram identificados pontos de convergências, ou seja, territórios com baixo desenvolvimento que tem a atividade produtiva do leite em destaque. A partir dessa informação, articulou-se com atores estaduais envolvidos na cadeia do leite para realização das oficinas de planejamento, com o máximo de representantes de produtores e empresários do setor a fim de levantar os principais entraves para desenvolvimento da atividade (diagnóstico local e setorial) na região. Durante as oficinas, com participação democrática define-se a abrangência do Polo e sua sede, de forma a permitir que o comitê gestor dos polos realizem reuniões itinerantes e periódicas. O comitê é constituído durante a oficina de planejamento, assim como é definido o nome do Polo. Nas discussões ao longo da oficina, após os participantes levantarem as problemáticas do setor no território, é construída uma relação de demandas necessárias para solucionar os entraves ao desenvolvimento da região por meio da inclusão produtiva com foco na atividade leiteira, a denominada carteira de projetos. Com a carteira de projetos, junto com o comitê gestor, o projeto Rota do Leite busca executar e concretizar as ações elencadas, por meio da articulação com entes federados, estaduais, municipais, com o setor privado e com atores políticos, todos os meios necessários para a promoção do desenvolvimento regional nos Polos da Rota do Leite.

Para melhor compreensão da realidade e potencial da atividade de leite no Brasil, algumas informações são importantes.Os dados oficiais da FAOSTAT do ano de 2019, o Brasil se posiciona como quarto maior produtor de leite do mundo, superando os 33 bilhões de litros de leite no ano de 2017.As informações contidas na figura 04 reflete o quanto o investimento em melhoramento genético pode ser importante na atividade leiteira no Brasil, com um índice de produtividade muito aquém dos Estados Unidos, tem-se um rebanho numeroso, no entanto, a capacidade dos animais não responde com uma produção satisfatória, o que contribui para um custo alto do preço do litro de leite produzido no Brasil.

 

 

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