Projeto-piloto vai fomentar uso de tecnologia na fruticultura do Nordeste

Uma das metas do AgritechNE é fomentar a criação de startups agrícolas que trabalhem com ferramentas voltadas a expandir a produtividade na região



Brasília (DF) – O Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) vai investir R$ 1,3 milhão em um projeto-piloto para fomentar o uso de tecnologia na produção de frutas na Região Nordeste. Batizada de AgritechNE, a iniciativa vai mapear necessidades dos produtores locais, promover capacitação sobre o uso das tecnologias da informação e comunicação (TIC), disponibilizar uma plataforma on-line para a promoção de negócios e fomentar a criação de startups agrícolas (agritechs) que trabalhem com ferramentas voltadas a expandir a produtividade dos fruticultores.

O Projeto AgritechNE integra as ações da Rota TIC, que tem o objetivo de apoiar a estruturação de Polos de Desenvolvimento Regional associados ao setor de tecnologia da informação e comunicação como forma de alavancar o desenvolvimento de cadeias produtivas regionais. Quatro já estão em funcionamento: Mangue Digital, com abrangência na região metropolitana de Recife; Sertão Digital, para desenvolvimento da área de influência dos municípios de Petrolina e Juazeiro; Cerrado Digital, voltado para a região integrada de desenvolvimento do Distrito Federal e entorno; e Paraíba Digital, com abrangência nas regiões imediatas de João Pessoa, Itabaiana e Campina Grande.

E foi exatamente no Polo Mangue Digital, em Recife, que surgiu a ideia do AgritechNE. Dados do censo Radar Agritech, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em 2019, mostram que 90% das startups agrícolas brasileiras estão localizadas na Região Sul e Sudeste. Somente 4% estão no Nordeste. Um dos objetivos da iniciativa é exatamente mudar essa situação.

Inicialmente, o AgritechNE terá como foco o eixo entre Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia. Localizada no Vale do São Francisco, a região é um dos principais polos de fruticultura do País. O objetivo, no entanto, é expandir posteriormente a iniciativa para outros locais.

“Este é um projeto estratégico do MDR, o primeiro passo para a integração do setor de TIC como motor de desenvolvimento regional”, destaca o especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do MDR, Vitarque Coelho. “Esperamos que essa iniciativa possa servir de base para ampliar as ações também para outros polos no Nordeste”, completa.

Coordenador do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), entidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) que será responsável pelo gerenciamento do projeto, Jarley Nóbrega destaca que a região onde será implantado o projeto-piloto está em crescimento acelerado e tem grande potencial para a produção agroindustrial, mas que ainda carece de mais investimentos em tecnologia.

“É preciso fomentar um ecossistema de inovação robusto e agritechs capazes de lidar com as particularidades locais e gerar novas oportunidades de emprego, renda e desenvolvimento’, afirma Nóbrega.

Segundo o coordenador da Rota TIC, André Rafael, a ideia foi alavancar a área de tecnologias da informação e comunicação em setores e territórios que pudessem ter maior impacto regional, caso do Vale do São Francisco, que já conta com um ecossistema brotando para a inovação digital. “Um dos resultados esperados do AgritechNE é justamente o aumento da produtividade local e posicionamento do Nordeste no mercado de startups e soluções para o agronegócio”, observou.

Além do MDR e do Cetene, também integram o projeto a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária para o Semiárido (Embrapa Semiárido), a Universidade de Pernambuco (UPE), o IFPE Sertão, a Univasf e a Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (Secti-PE).