Estruturação e Fortalecimento da Cadeia Apícola do Polo de Apicultura do Norte de Minas Gerais
Justificativa
Independentemente da vegetação, nativa ou não, o norte de Minas possui vocação para a apicultura com condições climatológicas e ambientais plenamente satisfatórias. As áreas de preservação ambiental tornam-se produtivas com apiários em suas bordas sem transgredir seu propósito. Assim como nestas áreas, as cultivadas também se beneficiam com a presença das abelhas pelo seu trabalho biológico de fertilização das flores e consequente produção de sementes e frutos. A FAO, organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura, promove tal integração diante o desafio de melhorar a produtividade do campo visando atender o aumento populacional e consequente demanda de alimentos.
O principal produto das abelhas é o mel. O Brasil é o nono produtor de mel apesar da sua dimensão continental e do privilégio de ter todo o seu território preenchido por biomas com vegetação durante todo o ano. A produção brasileira perde para, entre outros, a Argentina e Nova Zelândia. Ambos bem menores que o Brasil com destaque para o segundo que é trinta e uma vezess menor. A Argentina, em 2016, foi o 3º maior produtor atrás da China e Nova Zelândia. De clima predominantemente Temperado e ocorrência de Zona Polar, ainda com área de deserto, as condições da natureza argentina são bem mais desafiadoras que as de nossas florestas tropicais e subtropicais. Como “Celeiro do Mundo” o Brasil fica aquém do seu potencial de participação no cenário de exportação. Em 2016 a China exportou mais de US$ 276 milhões, enquanto Nova Zelândia e Argentina exportaram US$ 206 milhões e US$ 168 milhões, respectivamente. O Brasil não alcançou uma centena, ficou em US$ 92 milhões. Todavia, uma grande oportunidade se vislumbra diante a apicultura brasileira. Por aumento no consumo no mercado interno, a China tem diminuído sua contribuição no mercado internacional. Os outros dois países estão no limite da produção sem possibilidades de ampliar significativamente a oferta. Os Estados Unidos, grande consumidor, tiveram enorme abalo em suas criações com a Síndrome do Desaparecimento das Abelhas. Enfim, o Brasil tem posto na mesa um plano de voo ascendente para a sua produção de mel.
O norte de Minas corre sério risco de desertificação segundo estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente ao governo mineiro para o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PAN). O solo dos municípios está empobrecendo devido ao desmatamento, à produção de apenas um gênero agrícola (monocultura), baixa quantidade de chuva e também por causa da pecuária extensiva. A apicultura surge como contra ação neste processo. Ela favorece a biodiversidade, a preservação e ampliação da cobertura vegetal e, sobretudo, a mudança de postura na relação do homem, principal degradador, com o ambiente.
Então, a apicultura revela-se uma das melhores estratégias para, ampliar a arrecadação de dólares, empregar homens, mulheres e jovens, dando-lhes a oportunidade de seguirem uma carreira na zona rural, reverter o quadro de degradação ambiental, e promoção do bem-estar, inclusive, no quesito alimento, com maior oferta de frutos e alimentos de alto valor nutricional como o próprio mel, o pólen e a geleia-real.
Não obstante todo este cenário aqui exposto, o norte de Minas conta ainda com duas vantagens de mercado. A primeira é a facilidade para produção de Mel Orgânico. Com ágio em detrimento de outros méis convencionais, esta certificação garante um mercado certo de exportação, pois, é o mel de maior demanda internacional. A segunda vantagem é exclusiva. No norte de Minas Gerais ocorre um fenômeno natural em que as abelhas se associam a outro grupo de insetos, os psilídeos, e o fruto desta interação é um honeydew. Trata-se de um mel diferenciado com alta concentração de ácidos fenólicos que o torna um eficiente antibiótico, com destaque para o tratamento contra a Helicobacter pylori, conhecida bactéria que provoca desconforto estomacal. Outro mel semelhante existe na Nova Zelândia, conhecido como Mel de Manuka, cujo preço ultrapassa a R$ 800,00 / kg. Porém, quando comparado ao Mel de Aroeira, este possui concentrações maiores, na casa de três vezes mais, do princípio ativo que os tornam diferentes.
Portanto, sob a visão otimista de mercado e as benfeitorias que a apicultura traz à região, estabelece-se o desafio de desenvolvê-la com tecnologia, suporte e diversificação. Neste sentido, o programa do MI Rota do Mel, construiu, coletivamente, a “Carteira de Projetos” com as ações prioritárias a serem implementadas visando à estruturação da cadeia apícola e o seu desenvolvimento.
O presente Termo de Execução Descentralizada foca investimentos neste eixo a partir da implantação de Unidades de Extração de Produtos da Abelha – UEPA, Serviço de Assistência Técnica e a implantação de Projeto de Desenvolvimento da Apicultura Local em diversas localidades que consiste em aquisições de materiais apícolas para grupo de apicultores organizados.